Indicados para grandes vãos livres, tecidos técnicos mostram ser boa solução para resolver aspectos funcionais, estéticos e estruturais
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"O uso moderno das tensoestruturas é bem recente, foi o último tipo de sistema que aprendemos a calcular. Até cerca de três décadas atrás, havia alguns cálculos analíticos, mas eram para formas muito limitadas, como conóide hiperbólico, por exemplo. Não se sabia calcular outras formas. Mas, paradoxalmente, as tensoestruturas são um dos sistemas mais antigos", conta Ruy Marcelo de Oliveira Pauletti, professor do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo), em referência à utilização desse tipo de estrutura há mais de 2 mil anos por povos nômades do Saara, Arábia e Irã, que montavam abrigos desmontáveis com peles de animais, e, posteriormente, pelos romanos, que cobriam teatros e anfiteatros com tecidos feitos de velaria.
As estruturas tensionadas são basicamente compostas por três elementos: membranas, estruturas metálicas (em forma de mastros e masteletes) e cabos de borda. Todos têm a característica de serem portantes, participando ativamente da composição estrutural. "Este tipo de sistema estrutural compreende sistemas de cabos e membranas, materiais flexíveis que devem assumir formas específicas para equilibrar as forças sem flexão. É isso que dá essas características sempre curvas às coberturas, porque para se ter um carregamento transversal, seja de peso ou de vento, a membrana tem que assumir uma curvatura", explica Pauletti.
Boa opção também para construções temporárias, estrutura tensionada foi utilizada para o palco do Rock in Rio, em 2000, que tinha 88 m de diâmetro e 46 m de altura e utilizou 200 t de aço e 11 km de membrana
Tipos de membranas e suas características
As membranas usadas nas estruturas tensionadas são conhecidas como tecidos técnicos e incorporam propriedades especiais. No Brasil, as mantas mais utilizadas são as de tecido composto por fios de poliéster revestido com PVC.
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O conforto térmico e acústico das construções pode ser alcançado também por meio de soluções de projeto, já que a própria concepção das tensoestruturas sugere formas abertas. Execução de lanternins do tipo chapéu, ventilação cruzada e redução das reflexões internas melhoram o desempenho desses espaços. Uma solução comum é criar o efeito chaminé, que, em razão da diferença de pressão do ar, provoca renovação contínua, favorecendo o conforto térmico. Mas, além de protegerem do sol e da chuva, as membranas, dotadas de transparência, permitem a passagem da luz natural, de maneira difusa, promovendo um ambiente agradável com economia de energia. As membranas de poliéster/PVC conseguem coeficientes de transmissão de luz que variam de 3% a 20%.
Vale lembrar que o próprio formato da cobertura pode favorecer a acústica e o desempenho térmico do local. "Por exemplo, em termos de acústica, se a cobertura for usada para um palco, ela pode ter uma concavidade para o som ir e voltar", lembra Rita Bose, engenheira civil e sócia da Tecno Staff Engenharia e Estruturas. "Mas, em casos especiais, há soluções técnicas também. Uma delas é a colocação de uma membrana perfurada para acústica. Quanto ao conforto térmico, pode-se fazer o jateamento de poliuretano na membrana ou até mesmo colar uma membrana de poliuretano na cobertura", completa.
Terraço do Paddock do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, é coberto por estrutura tensionada com 5,25 mil m² de tecido |